Wednesday, August 25, 2010

"Barbies Botox"


This is something I wrote for the day of poetry... in "here" (21st March)... a few years back.
Barbies botox…

Numa sombra de censura, levanta a perna o juiz e diz: “Que quem discorde de mim, leve o gado descalço, amanhã pela madrugada, a pular a cerca do Sr. Vigário!”.
Ninguém mais na assembleia, ousa levantar uma mão que seja… ninguém gosta do frio que faz de madrugada… e assim jaz São Valentina, na beira do rio, tudo porque não houve mão que ousasse quebra-lhe o frio…


LA TRANSGRESIÓN
(Cristina Peri Rossi)

En la ciudad, hay una consigna:
«No amarás al extranjero.»
Babel, sardónica,
se ríe del viejo emblema
mezcla lenguas diversas
declina los verbos muertos
y apostrofa en occitano.

Descubre palabras raras
y las lanza entre los dientes
como piedras de un río arcaico
-primigenio-
He de hacerme un collar
con esos abalorios,
señas de identidad de extranjero.


LA OFERENDA:
(Cristina P. Rossi)

Ama las casas,
como las diosas profanas,
amaban los templos en su interior,
a la luz de las ardientes velas,
con el perfume dulce de las ebrias belladonas.

Celebra los cultos sediciosos del amor,
en lenguas diversas:
Griego, latín y un dialecto olvidado,
se mezclan en su boca,
como pétalos de un ramo gotean las sílabas de varias fuentes...
... y la palabra obscena cae, como licor colmado...
................... como la última oferenda.”


No dia seguinte, quando todos pensam que a parideira foi levar a cabo o poema, eis senão que… o padre morrera!

Volta de novo a assembleia, à discussão do ventre… juntam-se os juízos de valor a norte, a razão de ser a sul… e as beatas em cada porta de saída… nada passará impune por nenhum acaso. Todos aqueles que ali forem dizer de sua justiça, ali perecem na mesa do optimista. A cidade alheia morreu moralmente. Não há jurado que aguente!

Quem preside foi publicitado em Marte, uma vez que os residentes não votam. O voto presente, seria visto como contestatário ao padre vigente… mas e agora? Agora que ele morreu, na moral do eleito pedófilo talhante, quem mais irá ocupar o cargo de todo poderoso, na aldeia do pedinchante?

As vacas foram agravadas no sagrado do leite, as ovelhas tresmalharam no abismo do deleite… as galinhas fazem de galo, numa época em que o galo é servido ao jantar com legumes e azeite… tudo no tradicional se desfaz, neste natal que se passou ao sol… sem réstia de moral.

"Morri às portas do primeiro Cristo
Neste sossego que desconheço
As índias valeram bem o meu apreço
Debaixo de fogos que recomeço

O incesto foi posto pelo rei seguinte
A mim que o refugio em ser pedinte
Solteira imposta por profissão ardente
Domino à mesa a refeição demente

Descaminho dentada em acepipes
Afogo sorrisos quentes em galos tristes
Canto envenenada sem apetite
Toda a poesia que em mim resiste

A vida encarece-me em tons de azia
O espírito que por fim já arrepia
Vomito sem guia no coração presente
A frieza sadia da minha gente

Na redoma que viu partir vazia
No idioma que suspira: “Viver doía!”
Usufrui dizer: “Beberei um dia…
…o amor dormir em alma mia…”
E o eco insistia… “Eu ia, eu ia…”

(Rosa de morte, à beira do abismo! 14/15 Julho o6)


Chove, porque na ausência de um poder mais puro, ainda rege uma lua, que lava tudo aquilo que lhe transpira inseguro… há no coração de uma deusa Vénica, ainda a infeliz premissa, de que o príncipe (tal qual cavalaria do oeste) chega tarde, mas aparece!

E assim, na ideia louca de um final feliz para sempre, existe a única força segura subsistente: a crédula no amor terreno. Aquela que assegura em pés juntos, a Este & O(u)este, que será neste ultimo elemento de amor, que toda uma espécie não se engolirá no abismo das penas por si mesma.

Existe um pressuposto, para além de todos estes: “a morte está assegurada, d’um inferno não há certezas absolutas… algumas dantescas obsoletas… e nada mais.” Posto isto, e como a comodidade vale mais, do que a honra de dormir sem sobressaltos (até porque para a consciência, também se vendem comprimidos na farmácia mais presente, que ajudam a compor de noite… a mente)… e coração de nada vale, se atraiçoar sistematicamente o cheque à entrada do depositário.

Quem quererá assinar uma hipótese de amor, nos dias correntes? Os divórcios de amor são tão mais simples… tentar a felicidade, uma estrutura, manter família a dois… é muito menos cómodo. Em três tempos tudo se dissolve… o coração apaga a dor no amor, e já se procura mais caça no horizonte… algo que não engorde muito de preferência, porque a silhueta também é importante, para ganhar os milhões do preço certo.

A tele-visão veio para ficar, a imaginação perdeu semblante… à barbies em toda a parte, não vale a pena sonhá-las… qualquer loja de crianças as vende em sacos botox, à meia dúzia, pelo preço de duas…

“The heart dies a slow death… shading each hope like leaves…
Until one day there are none… no hopes, nothing remains…
(…she paints her face, to hide her face…)
Her eyes are deep water...
It is not for geisha to want…
It is not for geisha to feel…
Geisha is an artist of the floating world…
She dances… she sings… she entertains you… whatever you want…
The rest is shadows…
The rest is… secret.”

“Memoirs of a geisha” (excerto do filme) Lx, 4 Janeiro 2007

A mim tudo isto me deixa desarmada de par em impar… nunca fui de ver o sonho… preferia imaginá-lo. A barbie nunca era como eu queria... tudo em si de pequena fantasia, era sempre alterado, na esperança de alcançar o imaginado. Em vão… a minha imaginação transcende a norma consumista lojista… a loira de mamas grandes e pernas altas, agrada a maioria que não lia os contos de fadas ao deitar… aquela maioria que vê os felizes para sempre, em filmes dvd…

Ao contrário do que me suspira, não rende fazer minoria às prateleiras do desespero. Porque a final, tudo o que se vende naquela loja de sonho forjado, são pequenas ilusões de um criador qualquer, que lhe parecia agradar as massas assim mesmo… loira, de olho azul e rabo do desassossego… Já eu… ultimamente… ando a arroz! Vá-se lá saber porquê…


“AMAR AMAR AMEI”
(Lx, 6 Maio2006)

Ligar amar amor
amar amar ardor!
parar amar parou
parar amar parei.
Ligar voltar volvi!?

Corri morri sofri!
amei amor voltei
amei amor amei
amar amar amor...

Liguei amei sarei
Liguei amei perdi
Ligar amei morri!

Correr partir sentir...
amar fugir fugir... fugir.... fugir...
amar morrer partir
amei comi mordi

Corri parti fiquei
amar amar amei!
amar morri amor
amar doeu ardor

Amar amar sofri!
Ardi fechei morri
Amei amor morri...
Amei amor fugiu
fugi dormi comeu
fugi vivi dormi...
voltei amei amei!

Deixei morri amei!
ardi ardor segui
amei liguei parti
amei ardi fugi, fugi, fugi, fugi....
morri vivi chorei!
chorei amor amei... te.

Senti morri cansei...
deixei ardor amei
doeu morreu a dor
doeu morreu o amor.

will you ever forgive me... leaving loving you?


(Lx, 10/11 Fev 07)